Como vê ainda estou em Istambul, acho que gostei mesmo desse lugar, tenho até receio da hora de zarpar para outro destino.
Eu não vou ficar aqui falando sobre as minhas crises existenciais e vou direto ao assunto, o filme do Gabriel mascaro sobre o Paulo Bruscky, mesmo sendo uma relíquia, já que foi produzido no início desse século, é muito interessante.
O filme é sobre a entrada do paulo Bruscky no "Second Life" e a descoberta de um ex-diretor de cinema (no caso o próprio Mascaro) que vive e trabalha fazendo filmes na rede virtual. Muito bom né?
Vou te passar o link do filme e também uma entrevista com o Gabriel mascaro pra você dar uma investigada no assunto.
Entrevista
CEN – Como nasceu a idéia do projeto e
a parceria diretor/artista? Foi em cima de um diálogo com Paulo Bruscky, ou foi
depois da idéia inicial de usar o Second Life que você partiu em busca de um
artista?
Eu já havia trabalhado com o artista
Paulo Bruscky na videoarte “O Meu Cérebro Desenha Assim -2” e isso nos motivou
a fazer algo juntos novamente. A idéia era ir além de um simples registro
documental sobre Bruscky, para criar uma experiência visual de confronto com o
suporte virtual do Second Life e o próprio universo artístico de Bruscky,
incluindo a sua trajetória com os trabalhos ligado à “arte-correio” (Mail ART)
e o Fluxus.
CEN – A sua proposta de expandir o uso
deste programa/rede social para além da ferramenta de comunicação e
entretenimento nos parece pioneira e muito válida para discutir uma série de
assuntos contemporâneos. Em algum momento, dentro desta rede social, você
encontrou iniciativas similares à sua e conseguiu travar um diálogo a respeito
destas questões abordadas no curta?
O artista audiovisual Chris Marker, por
exemplo, já vem tralhando e pesquisando dentro do Second Life. Outra
situação bastante comum é a criação dos vídeos de encomenda. O meu avatar no
filme é inspirado em vários profissionais que trabalham fazendo registros e
clipes de para fins pessoais, sob encomenda dos avatares que se casam, fazem
festas e se amam na rede social.
CEN – O Paulo Bruscky foi um dos
convidados do CineEsquemaNovo em 2006 e sua participação foi inesquecível em
vários sentidos. O que mudou ou amplificou na sua relação com o artista e sua
obra depois de fazer este curta?
Atualmente, o ateliê dele funciona há
300 metros da minha residência. É ótimo poder cruzar com ele na rua e no
mercado para tomar uma cerveja, pois isso possibilita cada vez mais ter acesso
a outra dimensão da vida pública do artista e desenvolver uma relação de afeto.
CEN – O ‘universo paralelo’ da internet
é tão nonsense em termos de significado quanto muitas das obras do Bruscky? E
quando descemos para os significantes, é possível traçar paralelos?
O que mais me encanta na obra de Paulo
Bruscky é a sua pesquisa nominada como ‘projetos inviáveis’. Um destes projetos
era colorir o céu com ajuda de químicos e físicos. Ele publicou no jornal e
nunca apareceu um cientista disposto a executar tal plano. Ao cruzar os
projetos do artista com o Second Life e própria mudança da cor do céu com
apenas um click, podemos dar potencialidade à obra de Bruscky pelo próprio
contraste de existir no plano da imaginação, da possibilidade materializar no
plano das idéias e abstrações. Significa brincar com o Second Life e
redescobrir a partir do suporte algumas potências da vida que escapam, sem ser
fetichista.
CEN – No que você está trabalhando
neste momento?
Estou no desenvolvimento de um
longa-metragem de ficção e mais alguns documentários, mas a idéia ainda está em
fase inicial e vai durar alguns anos até que eu volte a procurar a maravilhosa
janela do CineEsquemaNovo para exibir meus próximos trabalhos.
+ informações em: www.gabrielmascaro.com